Coding Dojo Floripa

Desenvolvimento Ágil

A queda do desenvolvimento ágil

Posted by Ivan Sanchez em Terça-feira, Maio 27, 2008

Me lembro que há 5 anos atrás eu ainda estava engatinhando no que se tratava de desenvolvimento ágil e não me cansava de ler sobre o assunto nas listas de discussões como a xp-rio. Foi mais ou menos nessa época que eu tive a sorte de poder aplicar praticamente tudo que andava lendo no meu dia-a-dia.

Começamos aos poucos, um conceito aqui, outro ali, vendendo os princípios tanto para desenvolvedores quanto para gerentes. Antes mesmo do primeiro projeto terminar os resultados foram tão visíveis que dali foi só questão de tempo para o perfil da empresa mudar de CMM “wannabe” para XP “addicted”.

A luta, nessa época, era convencer justamente quem constrói software que desenvolvimento ágil era uma boa idéia. Todo mundo questionava não ter fases bem definidas, não produzir toneladas de documentação ou não estabelecer um processo detalhado para executar um projeto de software qualquer. Fábrica de software era o futuro, grandes consultorias eram o futuro, especialização era o futuro.

Engraçado ver como hoje desenvolvimento ágil já virou senso comum. A agilidade que surgiu com o Manifesto Ágil caiu na boca do mercado e já virou mais uma ferramenta de marketing para vender projetos e imagem de empresas.

Ninguém mais questiona se vale a pena passar meses escrevendo diagramas UML antes da primeira linha de código. Ninguém pergunta se deve esperar o sistema estar construído antes de começar a testar. Em compensação agora se discute muita sobre certificações (conceito nada ágil, diga-se de passagem) enquanto a quantidade de treinamentos sobre o assunto aumenta assustadoramente.

E o melhor: quem até alguns anos atrás questionavam substituir anos e anos de conhecimento tradicional de engenharia de software por práticas muito mais humanistas para construir sistemas são os mesmos que hoje fazem de tudo para trabalhar num projeto que aplique estas práticas. Ou que ao menos envolvam Scrum ou TDD.

Acredito que desenvolvimento ágil já atingiu o seu auge. Já cumpriu seu papel e revolucionou a maneira de pensar sobre software. Agora é ladeira abaixo.

Muita empresa já está usando a palavra ágil só para contratar mão-de-obra ou vender seus projetos, agora que sua “linha de montagem” já foi substituída por um modelo incremental e iterativo. A crista da onda de buzzwords hoje em dia é Scrum, enquanto o que segura a barra ainda é a (já) boa e velha XP.

E se tudo der certo em pouco tempo a maioria das faculdades vai estar ensinando bastante sobre desenvolvimento ágil, o que infelizmente é a prova que o conceito já não é mais nenhuma novidade.

13 Respostas to “A queda do desenvolvimento ágil”

  1. Olá,

    Não sei se estou sendo muito realista (ou somente calejado de waterfall mesmo), mas lendo seu post agora o que veio a cabeça foi o papel de parede “alegria” do Windows XP, um mundo pacifico e maravilhoso.
    Atualmente o desenvolvimento ágil está sendo muito falado mesmo, mas o que eu continuo vendo (pelo menos aqui no Brasil) é o velho e massacrante Waterfall nas empresas. E o pior, muito “gerente” e diretoria nem sabe o que é Scrum ou XP, muito menos Agile Manifest.
    “A luta, nessa época, era convencer […]” … Ivan, a luta por aqui continua e eu te adianto que vai ser bem sangrenta.

    Valeu pelo post ! Espero não ter sido rude, somente realista mesmo.
    Sucesso!

  2. Olá Roger,

    Concordo que ainda tem muita luta pela frente, mas a questão é que hoje já não há mais dúvida de que desenvolvimento ágil funciona. Quem constrói software já abraçou a idéia e qualquer gerente que se preze já está correndo atrás do prejuízo e vendendo “agilidade” dentro da sua empresa e para seus clientes.

    Não há como escapar da luta sangrenta quando se trata de mudar a cultura de uma empresa, e por isso acho que desenvolvimento ágil tem mesmo um lado de revolução por trás de seus conceitos.

    A diferença é que ao meu ver, mesmo com ainda mais lutas pela frente, acredito que a guerra já está ganha.

    Espero não estar sendo otimista demais 😛

    Valeu pelo comentário!

  3. Ivan, entendi o que você quis dizer, hoje o desenvolvimento ágil passou daquele status de experimental né, ficou comprovado que funciona.
    No meu caso aqui, um Waterfall nivel 5, tenho muitos gerentes, e acredite, tocar no tema Desenvolvimento Ágil, é virar motivo de piada ! Como diria o Gugu, “Pessoal, é muito triste!” (citação bem tosca por sinal, :D).

    Aproveitando a onda otimista, fica ai uma sugestão de um novo post, “Como migrar de Waterfall para Ágil de maneira incremental”. Acho que este tipo de post está em falta, e é o que pretendo abordar num futuro não muito distante em meu blog coletivo.

    Valeu!

  4. Ótimo ponto de vista. Geralmente tudo que vira “modinha” é motivo para que as consultorias consigam faturar mais $$$$ usando a “do momento”.

  5. Luiz said

    O problema é que tem muitas empresas, acredito que a maioria que se diz ágil, na verdade não são…quando muito aplicam uma ou outra prática e se acham agéis…

  6. Ricardo Cardim said

    Na verdade é pra dar dinheiro mesmo. É pra isso que existem. Acho até bom que se ensine em faculdades. Mas tem que surgir coisas novas mesmo. Essa história de travar no mesmo processo só atrapalha mesmo.

  7. David said

    Olá Ivan,

    Bem legal o post. Só acho que decadas de eng. de software não pode ser jogado fora só porque usamos um processo de desenvolvimento agil. Ou seja, não jogue seu Pressman no lixo. Apesar de usar Scrum, XP e afins, ainda volto ao bom e velho Pressman vez ou outra. Recomendo.

    Abs!

    David

  8. Rodrigo said

    Estou atualmente estudando intensivamente – e aplicando! – Test-Driven Development (e utilizando/avaliando a multidão de ferramentas associadas), Domain-Driven Design, integração contínua (e a multidão de ferramentas associadas), agile development em geral e tantas outras coisas novas (e outras nem tanto) e interessantes, não tem sobrado muito tempo para o Pressman e cia. não. E, veja só, não tem feito NENHUMA falta.

  9. […] A queda do desenvolvimento ágil […]

  10. Daniel San said

    Cursei uma disciplina na faculdade, UFSC, que tratava exclusivamente de XP. Gostei tanto que tento utilizar os conceitos no que faço.

    Agora, meu amigo, essa coisa de “infelizmente é a prova que o conceito já não é mais nenhuma novidade.” é babaquisse. O que você queria? Que só um seleto grupo de programadores Smalltalk Ortodoxos guardasse o conhecimento da XP?

  11. Daniel,

    O que eu queria mesmo é que as faculdades tivessem adotado desenvolvimento ágil antes! Há três anos atrás os principais professores da a área de software da própria UFSC ainda consideravam XP sinônimo de code-and-fix. Meu comentário foi sobre quanto tempo novas técnicas demoram para ser ensinadas na faculdade. Então repito: infelizmente o que você está aprendendo sobre engenharia de software já está longe de ser novidade.

    Quanto a parte de “guardar o conhecimento”, se você ler o resto deste blog vai notar que seu comentário foi pra lá de infeliz. A própria idéia de Coding Dojo é compartilhar conhecimento sobre TDD e outras práticas ágeis as quais tenho pregado por aqui há anos.

    Abraço,
    Ivan

  12. afadf said

    Faculdades ensinando desenvolvimento ágil??? Nem a pau juvenau! No meu TCC tive q fazer uma carrada de diagramas inúteis. Em universidades reina supremo a montanha de diagramas UML. Não vai deixar de ser assim tão cedo.

  13. Anonimo said

    Faculdades ensinando desenvolvimento ágil??? Nem a pau juvenau! No meu TCC tive q fazer uma carrada de diagramas inúteis. Em universidades reina supremo a montanha de diagramas UML. Não vai deixar de ser assim tão cedo.

    Só se for na sua… http://www.ime.usp.br/~xp/.

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